Cuidados de Enfermagem com Traqueostomia

cuidados de enfermagem com traqueostomia

A traqueostomia é um procedimento que exige muito do enfermeiro, por isso preparamos este guia rápido, com dicas valiosas sobre cuidados de enfermagem com traqueostomia especialmente para você.

Veja o que você vai aprender:

  • O que é traqueostomia, qual seu objetivo, quando é indicada e os principais materiais utilizados;
  • 19 Cuidados de enfermagem com traqueostomia (etapas de implementação: cuidados com a cânula interna, métodos de fixação, curativo, limpeza, aspiração);
  • Principais Problemas do Paciente com Traqueostomia e o que fazer;
  • Principais complicações Relacionadas a Traqueostomia;
  • Anotações de enfermagem Traqueostomia.

Preparado? Então vamos lá!

O que é traqueostomia?

A traqueostomia é procedimento cirúrgico, realizado pelo médico,  que consiste na abertura da traqueia para o meio externo, com inserção de um tubo (cânula), para permitir a passagem do ar.

Qual é o objetivo da traquesostomia?

O principal objetivo é  facilitar a respiração e a remoção das secreções traqueobrônquicas em excesso.

A depender do problema a traqueostomia pode ser provisória, (utilizada por algum tempo) ou definitiva (utilizada para o resto da vida).

Quando a traqueostomia é indicada?

Em resumo a traqueostomia é indicado em alguns tipos de cirurgias de cabeça e pescoço; em alguns pacientes com dificuldades para respirar (situação de emergência) e em pacientes que necessitam respirar com ajuda de aparelhos por um tempo.

Especificamente as princiais indicações de traqueostomia são:

  • congênitas – estenoses glóticas, subglóticas ou de traqueia superior, cistos laríngeos e de valécula e hemangioma de laringe;
  • infecções – epiglote aguda e laringotraqueobronquite recorrente (em casos de dificuldade de intubação traqueal ou ausência do broncoscópio);- tumores avançados de laringe, tonsilas, faringe ou traqueia superior com consequente estridor e colapsos mecânicos;
  • disfunções laríngeas – paralisia abdutora das cordas vocais;
  • traumas – lesões maxilofaciais graves, fraturas ou transecções da laringe ou da traqueia, lesões cervicais que tornam difícil ou inviável a intubação oro ou nasotraqueal para manipulação e abordagem das vias aéreas (necessidade de cricoidostomia ou TQT de urgência), aspiração de conteúdos químicos ou lacerações traqueais;
  • intubação translaríngea em crianças menores de 12 anos;
  • complicações pós-operatórias de tireoidectomia, esôfago ou cordas vocais, como alterações anatômicas no trajeto do fluxo respiratório;
  • queimaduras, corrosivos e reações anafiláticas – edema subglótico significativo;
  • corpos estranhos – a TQT pode ser realizada após tentativas frustradas de retiradas dos corpos estranhos por manobras mecânicas ou endoscópicas;
  • apneia do sono – a TQT proporciona segurança e permite a passagem livre do ar na ocorrência de colapso dos músculos faríngeos durante o sono, mas deve-se tentar a utilização de ventilação nãoinvasiva como primeiro tratamento;
  • tempo prévio ou complementar a outras cirurgias bucofaringolaringológicas;
  • proteção das vias aéreas – estados de coma, cirurgias de vias aéreas, pescoço e cavidade oral;
  • edema glótico e estenoses subglóticas;
  • distúrbio de deglutição grave;
  • higiene de vias aéreas (dificuldade de manipulação das secreções) – idade avançada, doenças neuromusculares, lesão cervical alta;
  • suporte ventilatório – ventilação mecânica (VM) prolongada, traqueomalácia, desmame da VM.

Continue acompanhando o artigo.

Confira agora os principais materiais utilizados na traqueostomia e 19 cuidados de Enfermagem indispensáveis com traqueostomia.

Materiais Utilizados na Traqueostomia

traqueostomia materiais utilizados

Confira os principais materiais:

  • Mesa de cabeceira;
  • Toalha;
  • Suprimentos para aspiração de traqueostomia;
  • Kit estéril para cuidados com traqueostomia se disponivel (certifique-se de reunir os suprimentos relacionados que não estão no kit) ou duas almofadas de gaze estéreis com 10cmx10com de medida;
  • Aplicadores estéreis com ponta de algodão;
  • Curativo estéril para traqueostomia (curativo cirúrgico pré-cortado e costurado);
  • Cuba estéril;
  • Escova pequena estéril (limpador de tubo) (ou cânula interna descartável);
  • Rolo de esparadrapo com trama especial, fixadores ou cadarço para traqueostomia;
  • Oxímetro de pulso;
  • Tesoura;
  • Luvas de procedimentos (dois pares);
  • Máscara, escudo ou óculos de proteção facial.

Você sabe que o paciente traqueostomizado requer cuidados especiais de enfermagem.

Os cuidados incluem limpeza da clânula, fixação da traqueostomia e muito mais.

Vamos aprender mais sobre os Principais Cuidados de Enfermagem com Traqueostomia?

19 Cuidados de Enfermagem Indispensáveis com Traqueostomia

cuidados de enfermagem traqueostomia

1 Concluir o protolocolo;

2 Observar se há excesso de secreções periestomais, excesso de secreções intratraqueais, tiras de traqueostomia sujas ou úmidas, curativo de traqueostomia sujo ou úmido, fluxo de ar diminuído na cânula de traqueostomia, ou sinais e sintomas de obstrução de via respiratória que exijam aspiração;

Justificativa: indicar qual é a necessidade de cuidados com traquesotmia.

3 lavar as mãos, calçar as luvas de procedimento e colocar óculos de proteção facial, se necessário.

Justificativa: Reduzir a transmissão de microorganismos;

4 Aplicar o sensor do oxímetro de pulso.

Justificativa: fornecer monitoramento para dessaturação de oxigênio durante o procedimentos;

5 Aspirar traqueostomia – antes de remover as luvas retire o curativo sujo da traqueostomia e descarte na luva com o cateter de aspiração enrolado.

Justificativa: remover as secreções para evitar oclusão da cânula externa enquanto a interna é retirada. Reduz a necessidade do paciente tossir;

6  Lavas as mãos preparar o material na mesa de cabeceira:

Justificativa: possibilita a realização calma e organizada dos cuidados da traqueostomia.

a) Abrir o kit de traqueostomia estéril. Abrir duas embalagens de gaze 10cmx10cm usando técnica asséptica e despejar soro fisiológico em uma delas. Manter a segunda embalagem seca. Abrir as duas embalagens de aplicadores com ponta de algodão e despejar o soro fisiológico em uma delas;

b) Abrir uma embalagem de curativo estéril para traqueostomia;

c) Abrir o pacote com a cuba estéril e enchê-la com soro fisiológico até a altura de 1 a 2,5 cm;

d) Abrir a embalagem com a escova estéril pequena e colocá-la na bacia estéril, com técnica asséptica;

e) Preparar uma faixa de esparadrapo suficientemente longa para envolver o pescoço do paciente 2 vezes, cerca de 60 a 75cm, considerando uma pessoa adulta. Cortar as extremidades em diagonal. Reservar em uma área seca.

Justificativa: o corte das extremidades da tira na diagonal ajuda a inseri-la no orifício.

f) Se usar fixados para traqueostomia comercialmente disponível, abrir a embalagem de acordo com as instruções do fabricante;

7 Hiperoxigenar os pulmões do paciente usando um ventilador ou aplicando uma fonte de oxigênio bem folgada sobre a traquesotmia.

Justificativa: obrigatório, caso o paciente tenha níveis de saturação de oxigênio menores que 92%. Ajuda a reduzir a quantidade de dessaturação do oxigênio.

8 Calçar luvas estéreis. Manter a mão dominante esterelizada por todo procedimento.

Justificativa: reduz a transmissão de microorganismos;

9 Cuidados com a cânula interna de traqueostomia:

a) ao mesmo tempo em que tocar somente a superfície externa da cânula, destravar e retirar a cânula interna com a mão não dominante. Soltar a cânula interna na cuba com soro fisiológico.

Justificativa: remove a cânula interna para limpeza. O soro fisiológico solta as secreções da cânula interna.

b) Colocar o colar de traqueostomia, a sonda em “T” ou a fonte de ventilação de oxigênio sobre a cânula externa. (obs: pode não ser possível fixar os instrumentos da sonda em “T” e de ventilação de oxigênio a todas as cânulas externas quando a cânula interna for removida).

Justificativa: mantém o suprimento de oxigênio para o paciente conforme o necessário;

c) Para evitar a dessaturação de oxigênio nos pacientes afetados, pegar com rapidez a cânula interna e usar uma escova pequena para remover as secreções da parte interna e externa da cânula interna.

Justificativa: a escova da traqueostomia oferece força mecânica para remoção de secreções espessas ou secas.

d) Segurar a cânula interna sobre a cuba e enxaguar com soro fisiológico, usando a mão não dominante para despejá-lo;

e) Substituir a cânula interna e prender o mecanismo de “trava”. Reaplicar a ventilação após hiperventilar os pulmões do paciente, se necessário.

Justificativa: prende a cânula interna e restabelece o suprimento de oxigênio;

10 Traqueostomia com cânula interna descartável:

a) Remover a nova cânula da embalagem do fabricante;

b) Ao mesmo tempo que tocar apenas a superfície externa da cânula, retirar a cânula interna e substituí-la pela nova cânula. Travar na posição.

c) Descartar a cânula interna contaminada no recipiente apropriado e reconectar a ventilação ou o suprimento do oxigênio.

Justificativa: reduz a transmissão de infecção. Restaura a distribuição de oxigênio.

11 Usar aplicadores com ponta de algodão e compressas de gaze estéril de 10cmx10cm embebidos com soro fisiológico, limpar as superfícies expostas da cânula externa e do estoma sob o visor em uma espaço de 5 a 10 cm em todas as direções, desde o estoma. Limpar com movimentos circulares que vão do estoma para fora com a mão dominante disponível para uso dos materiais estéreis.

Justificativa: com a técnica asséptica, remove as secreções do local do estoma. O movimento circular para fora elimina o muco e outros contaminantes desde o estoma em direção à borda;

12 Com a gaze seca de 10cmx10cm, tocar levemente a pela e as superfícies expostas da cânula externa.

Justificativa: as superfícies secas inibem a formação de um ambiente úmido para proliferação de microorganismos e escoriações da pele.

13 Fixar a traqueostomia. Método de fixação da traqueostomia:

a) Orientar o assistente, se houver, para calçar as luvas e segurar com firmeza a cânula de traqueostomia no lugar certo. Com essa pessoas segurando a cânula de traqueostomia, cortar a fixação antiga.

Justificativa: promove a higiene e reduz a transmissão de microorganismos. Prende a cânula de traquestomia. Reduz o risco de extubação acidental.

Alerta de segurança: a pessoa que assiste na fixação não pode soltar a cânula de traqueostomia até que a nova fixação esteja bem presa. Se for trabalhar sem um assistente, não corte a fixação antiga até que a nova esteja devidamente posicionada e presa.

b) Se tiver a fixação preparada, inserir uma das extremidades pelo orifício do visor e puxar as extremidades juntas;

c) Deslizar ambas as extremidades da fixação por trás da cabeça e em torno do pescoço até o segundo orifício e inserir uma fixação através desse.

d) Puxar com folga.

Justificativa: prende a cânula de traqueostomia.

e) Amarrar as extremidades da fixação com firmeza em um nó duplo quadrado, deixando o espaço para um dedo espaçado ou dois de largura na amarra.

Justificativa: a largura de um dedo de folga impede que o curativo da traqueostomia fique apertado demais ao ser colocado e ainda evita movimentar a cânula de traqueostomia em via respiratória inferior.

f) Inserir o novo curativo de gaze de 10cmx10cm sob a fixação limpa e o visor de traqueostomia.

Justificativa: absorve a drenagem. O curativo evita a pressão nas cabeças da clavícula.

13.1 Método com fixador para cânula de traqueostomia:

a) Ao calçar as luvas, manter o fixador firme na cânula de traqueostomia. Isso pode ser feito com a ajuda de um assistente, ou sem ele, deixando o antigo fixador no local e retirando-o somente quando o novo estiver firme.

Justificativa: evita o deslocamento acidental do cateter.

b) Alinhar a tira sob os pescoço do paciente. Certificar-se de que os elementos de Velcro estejam em cada um dos lados da cânula de traqueostomia;

c) Colocar as extremidade estreita das tiras debaixo e através dos orifícios do visor. Puxar uniformemente as tiras e prendê-las com os fechos de Velcro;

d) Verificar se há espaço para apenas um dedo espaçado ou dois dedos de largura sob a tira do pescoço;

14 Posicionar o paciente confortavelmente e avaliar a condição respiratória.

Justificativa: promove o conforto. Alguns pacientes precisam de aspiração no pós-cuidado da traqueostomia;

15 Certificar-se de que as fontes de distribuição de oxigênio e de umidificação estejam no lugar e ajustados nos níveis corretos.

Justificativa: a umidificação fornece umidade para a via respiratória, torna-a mais fácil para a sucção de secreção e diminui o risco de tampões de muco;

16 Avaliar o ajuste das novas amarras de traqueostomia e perguntar ao paciente se cânula está confortável.

Justificativa: as fixações da traqueostomia são desconfortáveis e põem o paciente em risco de lesão quando frouxas ou apertadas demais;

17 Examinar as cânulas interna e externa quanto a presença de secreções.

Justificativa: a presença de secreções nas cânulas indica a necessidade de cuidados mais frequentes com traqueostomia;

18 Avaliar o estoma quanto a sinais de inflamação, edema ou secreções descoloradas.

Justificativa: a pele com solução de continuidade põe o paciente em risco infecção. Uma infecção no estoma requer mudança no plano de cuidado com a pele no entorno da traqueostomia;

19 Concluir o protocolo de pós-procedimento.

Mesmo você tendo todo o cuidado, o paciente pode apresentar problemas com a traqueostomia.

Por isso é importante você ficar atendo para saber o que fazer nesta hora.

Principais Problemas do Paciente com Traqueostomia e o que fazer

paciente traqueostomizado

Os problemas mais comuns apresentados em pacientes traqueostomizados são:

1)  Secreções e salivas na área da traqueostomia. O que fazer: 

  • orientar e treinar sobre como deglutir a saliva;
  • manter a cabeceira elevada;
  • Ensinar a usar uma compressa ou lenço descartável na frente da traqueostomia ao tossir;
  • Oferecer compressa para aparar ou limpar a saliva;
  • Autoaspiração da boca com ponta de aspirador descartável de odontologia;
  • Trocar o curativo sempre que necessário.

2)  Dificuldade de comunicação. O que fazer:

  • Ter paciência e saber acalmar o paciente e esperar que ele consiga se comunicar;
  • Tentar fazer a leitura labial e comunicar sinais para respostas curtas com sim e não;
  • Usar perguntas básico do tipo “está com dor”, “quer assentar”, “quer urinar”, etc;
  • Ofercer material para escrever (prancheta e caneta, tela mágica e tablets, etc);

3) Secreção espessa e risco de obstrução. O que fazer:

  • Ensinar o paciente a tossir com eficiência e que é melhor tossir que ser aspirado;
  • Nebulização com soro fisiológico em ar comprimido (não precisa de prescrição médica);
  • Hidratar melhor o paciente para fluidificar as secreções;
  • Aspirar a traqueostomia com a frequência necessária após avaliações frequentes

4) Riscos de decanulação. O que fazer:

  • Rever fixações com cadarço adequando passada e amarrada;
  • Evitar improvisações com tiras de máscaras cirúrgicas, fitas adesivas e etc.
  • Fixar com folga de um dedo e testar a resistência à tração.
  • Para trocar o cadarço de fixação retirar o anterior somente após fixar o novo ou um auxiliar que mantenha a cânula fixada no lugar com mão enluvada até concluída a nova fixação.

E não para por aí!

São várias as complicações relacionadas a traqueostomia, separamos as principais para você ficar por dentro 🙂

Principais Complicações Relacionadas a Traqueostomia

  • Obstrução aguda;
  • Decanulação acidental;
  • Hemorragias;
  • Enfisema subcutâneo;
  • Edema de traqueia;
  • Infecção de ferida;
  • Isquemia traqueal;
  • Pneumotórax;
  • Enfisema subcutâneo;
  • Estenose de traqueia;
  • Traqueíte;
  • Pneumonia;
  • Fístula traqueoesófagica;
  • Granuloma de traqueia;
  • Dificuldade de dacanulação;
  • Recanular em trajeto falso.
  • Disfagia

Vale lembrar que obstrução da cânula pode causar asfixia e risco de óbito, inclusive em pacientes hospitalizados.

É prudente manter uma cânula nova de reserva fixada na cabeceira do paciente ou em lugar de fácil acesso.

Você também não pode esquecer do que anotar e registrar, veja as principais recomendações do Cofen.

Anotações de Enfermagem Traqueostomia

  • Aspiração traqueal (Enfermeiro);
  • Data e hora;
  • Motivo;
  • Localização (VAS, traqueostomia ou tubo endotraqueal);
  • Característica e quantidade da secreção;
  • Na traqueostomia, anotar o tipo e n. da cânula e as condições da pele;
  • Registrar a necessidade de troca e limpeza da endocânula de traqueostomia;
  • Anotar intercorrências e providências adotadas;
  • Nome completo e n. do Coren do profissional que executou o procedimento.

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Referências

Blackbook. Enfermagem.

Perry; Potter. Procedimentos e competências de enfermagem.

Cofen. Anotações de enfermagem.

Ebserh. Cuidados e decanulação.

Accamargo. Orientações para pacientes: traqueostomia.

Ministério da Saúde. Orientações para o cuidado com o paciente no ambiente familiar.

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